A ameaça do risco operacional na indústria petroleira

Publicado em dez. 1, 2017

Medidas de corte de custo demoram a mostrar resultados 

Quando os preços do petróleo bruto caem, os produtores têm historicamente cortado custos, mas essas medidas demoram a ter efeito. Como um navio cujo motor é desligado, a maioria das grandes empresas petrolíferas continua se movendo de acordo com o atual impulso. Tradicionalmente, têm demorado mais de quatro anos para que as companhias de petróleo e gás ajustem as despesas operacionais (OPEX) à deflação do mercado devido a restrições inerentes do portfólio e das operações.

É durante esses períodos de instabilidade de preço que a gestão dos riscos operacionais – identificação, avaliação e controle dos perigos com base nos níveis potenciais de severidade e probabilidade de ocorrência – deve ser prioritária para as empresas do setor de petróleo e gás natural. Adotar tais medidas vai permitir que as empresas evitem incidentes dispendiosos e altos prêmios de seguro e assim continuem buscando rentabilidade, garantindo a segurança dos funcionários e assegurando seu direito futuro de operar. 

Impacto perceptível na segurança dois anos depois 

As empresas petrolíferas estão atualmente a meio caminho de sua jornada do corte necessário de custos CAPEX e OPEX, e experiências passadas têm demonstrado que uma queda do preço do petróleo é seguida, após cerca de dois anos, de uma maior frequência de incidentes com afastamento no setor. 

Como demonstra a Figura 4 (ver no PDF), a queda dos preços do petróleo entre 2000 e 2002 foi seguida por um aumento de 6% na frequência dos incidentes com afastamento em 2002 e 2003. E, mais uma vez, quando o preço do barril caiu bruscamente em 2008 e 2009, o setor experimentou um aumento de 14% nas taxas de incidentes com afastamento em 2012 em comparação com 2010. 

As razões para esse aumento nos incidentes de segurança são variadas. Produtores de petróleo que cortam custos demitem funcionários. Muitos deles são trabalhadores mais velhos e experientes que foram mentores ou orientadores que promoveram a cultura de segurança da empresa. Corte de custos também gera uma pressão adicional sobre fornecedores para que façam o mesmo. Isso tende a ter um efeito na qualidade e, portanto, na segurança dos materiais fornecidos. Uma redução das despesas operacionais também está frequentemente ligada a uma queda nas atividades de manutenção, porque tubulações que foram desativadas, por exemplo, não precisam de manutenção. Esse e outros riscos são um verdadeiro dilema para a indústria petrolífera. A maioria das empresas sabe que, quando o mercado se aquecer novamente, não terão imediatamente pessoas suficientes para tratar de todos os potenciais riscos e problemas. 

Apesar de estarem no meio da crise de preço do petróleo, as companhias de petróleo deveriam tomar medidas urgentes agora para evitar problemas daqui dois anos. Elas não podem se dar ao luxo de esperar a elevação dos preços novamente, caso contrário futuros incidentes de segurança podem custar vidas e prejuízos.