Marcelo Fonseca
Os coletes balísticos foram feitos para proteger as pessoas. Contudo, mais do que garantir a segurança contra projéteis ou destroços de artefatos militares, esses itens também precisam ser ecologicamente corretos. E longe de ser apenas discurso em prol da sustentabilidade: a economia circular já está prevista desde janeiro de 2024 no Brasil, quando a Lei nº 14.133/2021 passou a ser a única legislação federal que regulariza os procedimentos de licitações e contratos.
É preciso pontuar que, basicamente, existem algumas naturezas de materiais aplicados em proteção balística: os que utilizam a aramida tradicional, como o Kevlar®, o copolímero de aramida, como o Kevlar® EXO™, além dos polietilenos. Essa última alternativa, contudo, não oferece uma rota atrativa e ambientalmente responsável para reciclagem: sendo queimados, o que aumenta o prejuízo ambiental, ou descartados em aterros sanitários.
A legislação estabelece as normas e as diretrizes nacionais de economia circular e destaca que fornecedores também precisam dar a destinação correta ao final da vida útil dos produtos. Nesse ponto, uma vantagem da aramida já está evidenciada.
Como os coletes têm ao menos cinco anos de garantia, é possível que os impactos da nova lei demorem a ser sentidos. No entanto, iniciativas como a parceria da Dupont com o SENAI CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), já fazem a avaliação técnica e a recomendação de empresas brasileiras para que esses itens sejam reciclados.
A destinação adequada e rápida após o fim da validade, além da questão ambiental, também evitará outro grande estorvo para os usuários. O acúmulo de coletes em galpões obriga profissionais a ficarem de guarda para protegê-los, evitando que caiam em mãos erradas, até que a destinação correta (passando por uma descaracterização) seja feita.
Esse processo demora, pois exige um processo público de alienação para comprovar que eles estão sendo descartados. A compra de novos, inclusive, só acontece quando houver esse descarte, já que há uma dotação do Exército quanto ao número total de coletes.
Outro ponto importante a ser destacado que favorece o Kevlar® EXO™ está na ergonomia que ele apresenta. O novo laboratório balístico que será lançado pelo SENAI CETIQT em 2025 fará protocolos que irão comprovar, na teoria, o que é já visto na prática: todos os usuários que experimentaram relataram melhorias. Atualmente, existem apenas dois testes que medem apenas a flexibilidade.
Confiabilidade é uma palavra-chave para quem produz e para quem utiliza coletes balísticos. A nova tecnologia garante maior robustez em comparação com o polietileno, que derrete a 120 ºC, reduzindo suas propriedades a partir de 70 ºC, o que afeta amplamente sua durabilidade.
Apostar em fabricantes recém-chegados ao mercado nacional, que, apesar de oferecerem melhores preços, não possuem as mesmas garantias, não é recomendável na área de proteção pessoal. A preocupação da DuPont, com atuação regional há 100 anos e um centro de pesquisa nacional, reforça o compromisso com a segurança e o conforto do usuário, além de oferecer respaldo caso algo não saia como planejado.
Unir inovação à responsabilidade socioambiental, promovendo soluções que beneficiem tanto os usuários quanto o meio ambiente. Afinal, quando se fala em proteger o ser humano não basta apenas a ação rápida de parar uma bala: é preciso pensar a longo prazo e preservar toda a nossa existência.
Marcelo Borges Almeida da Fonseca, Engenheiro Militar e Especialista em Materiais, é líder de Negócio Defesa DuPont para LATAM, destacando-se como um dos principais especialistas do país em blindagem veicular e pessoal, tanto do ponto de vista da ciência de materiais quanto do mercado/negócios.